Lendas e Tradições
Milagre de Santo António
"Diz-se que um lavrador que transportava uma pipa de vinho em cima de um carro puxado por uma junta de bois, foi surpreendido por um insólito acidente quando passava em Silva Escura. Transitando pela estrada real (um caminho medieval que ligava o Porto a Guimarães e Braga, que passava no sopé do Monte Calvário) devido à irregularidade do piso e ao provável mau acondicionamento da pipa, esta terá deslizado para trás provocando o desiquilíbrio do carro. Os bois, apoiados apenas pelas patas traseiras, estavam na iminência de morrerem asfixiados. Ante a tragédia, o lavrador ajoelhou juntamente com o moço da soga e suplicou ajuda a Santo António de quem era devoto. O Santo apareceu, a pipa endiroutou e assim o carro nivelou permitindo a retoma da viagem. Este milagre ocorreu na primeira metade do século XVIII. No local foi construído um nichinho para perpeturar o acontecimento. A fé do povo levou a erigir, por volta de 1770, uma capela no cimo do monte em honra de santo António. O monte passou a chamar-se Monte de Santo António e o nome de Monte do Calvário caiu no esquecimento."
Lendas e Tradições
"Reza a lenda que em "Lagoas" (Antigo nome atribuido ao sitio que hoje é ferreiras), morava uma familia de nome Ferreira, familia essa que tinha duas irmãs que eram costureiras. O Povo do sitio nessa altura, (há decadas atrás), mandava costurar toda a sua roupa nestas ditas irmãs, "as Ferreiras", que faziam todo o vestuário da população do sitio e arredores. Então sempre que alguém queria encomendar roupa nova, dizia: - Vou às "Ferreiras". Como o decorrer dos anos, de boca em boca, o nome de Ferreiras foi passando, ficando o local conhecido por este nome deixando de ser Lagoas. Hoje, pode dizer-se que o lugar de Ferreiras é uma das Freguesias do concelho de Albufeira, que por sinal é a segunda maior ao nivel de número de residentes."
A origem da Murtosa
"Diz-se, na tradição corrente, que a progenitora do grande povo da Murtosa terá sido uma moça muito bonita, chamada Teresa Caqueja, natural de Fermelã, desterrada para aqui em expiação de crime que a tradição não pormenoriza. A Murtosa então, ainda sem nome, era terra de condenados ao desterro. Sozinha entre o céu e a terra lodosa, construiu a primeira casa de tábuas, uma arrecoleta ou recoleta na costa do Chegado, no local que ainda conserva o nome de "Chão das Figueiras". Sobreviveu. Arroteou um pedaço de terreno, fez horta, semeou e viveu do que colhia. Um dia, um pescador que passava encostou o barco à borda. Encontrou a Teresa sozinha. Falaram. Eram ambos moços. Amaram-se e casaram. Tiveram filhos. Entre fomes e farturas cresceram e multiplicaram-se no cumprimento do mandato genesíaco. Ele na água, pescando, arrancando o estrume para os campos. Ela tratando da terra. Ambos na simbiose característica da nossa gente "anfíbia" como, séculos depois, escrevia Raul Brandão."